11/03/2011

Fabuloso está de volta (de onde vem a grana?) e Kleber pede desculpa

Crédito da foto: Site oficial SPFC

Notícia bomba desta sexta-feira de calor em São Paulo.

O centroavante titular da seleção brasileira na última copa, Luis Fabiano, 30 anos, foi recontratado pelo São Paulo F.C. O acordo foi divulgado oficialmente pelo presidente do tricolor paulista, Juvenal Juvêncio e o contrato terá duração de 4 anos. O time do Morumbi pagará ao Sevilla cerca de 7,6 milhoes de euros que serão divididos em quatro anos. O clube diz que parte do dinheiro virá de novos programas sócio-torcedor que o clube deve lançar em breve. Me parece meio estranho que consiga desembolsar tanta grana assim e não me espantarei se, mais adiante, ficar claro que alguma porcentagem dos direitos federativos de algumas jovens promessas foi incluída no negócio.

Trata-se de uma ótima contratação e, provavelmente, o clube terá de se livrar de um de seus atacantes, pois já conta com Dagoberto, Fernandinho, Wilian José, Lucas Gaúcho, Henrique e Fernandão, este último deve o escolhido pela diretoria. Especulações sugerem que será liberado para atuar no rival Palmeiras, que vem procurando um atacante de área como Fernandão, há um bom tempo.

Não sei em que condições fisícas Fabuloso chega. Porém, quando (se precisar) entrar em forma, ele se encaixará como uma luva no veloz ataque são paulino. É ótimo para o futebol brasileiro que jogadores como ele voltem para o país. Tem velocidade, muita força e ótima capacidade de finalização. Um matador. A apresentação do atacante está marcada para o dia 30 de março.



Pelo São Paulo, Luis Fabiano já atuou em 160 jogos e fez 119 gols. Como divulgou na última semana, ele queria voltar ao tricolor para se tornar um dos maiores artilheiros da história do time, já é o 12º na história. Boa sorte.

Gladiador volta atrás

Me parece que Kleber tenha sido instruído por seu empresário Pepe Dioguardi a atacar Felipão, via Twitter, nesta sexta-feira. Os comentários do empresário em sua página, no mesmo Twitter, comprovam. "Toda vez, que o Gladiador, for citado ou criticado, por alguem do clube, publicamente, a resposta virá da mesma maneira. Sempre será assim.", cravou Dioguardi. Kleber foi mal.

Ao final da tarde de hoje, a assessoria de imprensa palmeirense divulgou um video no qual o "Gladiador"se desculpa pela maneira como se posicionou contra Felipão. Veja aqui: http://www.palmeiras.com.br/noticias/2011/03/11/17h26-id4449-depoimento+do+kleber+exclusivo+para+o+torcedor+palmeirense.shtml

Do outro lado da moeda, o técnico palmeirense esbanjou categoria ao por panos quentes na situação constrangedora em que se encontrava. Felipão foi bem.

10/03/2011

Ótimo texto de Tim Vickery, inglês que vive no Brasil

De autoria de Tim Vickery, correspondente da BBC no Brasil:

PONTOS CORRIDOS ASSIM É UMA PIADA

Quando deixei a Inglaterra para tentar a sorte no Brasil, em 1994, o futebol da minha terra nativa gerava pouco interesse por aqui. Passava na TV o jogo de segunda-feira, normalmente com times menores, e assisti-lo era considerada a maior prova imaginável de amor ao futebol.
As coisas mudam, culturas se transformam, o mundo evolui. Dezessete anos mais tarde, a Premier League é referência do sucesso, o grande sonho de consumo de todas as emissoras aqui que transmitem futebol internacional. Claro, diferenças existem. O Brasil não pode e nem deve imitar todos os aspectos do sucesso inglês. Mas, em linhas gerais, há alguns conceitos do outro lado do Atlântico que podem ser úteis nesse momento fascinante que vive o futebol brasileiro.
O primeiro é o valor de uma negociação coletiva dos direitos de transmissão. Basta comparar a Inglaterra com a Espanha. O Real Madrid e o Barcelona ganham fortunas vendendo individualmente – os outros clubes nem tanto. O desequilíbrio é enorme, e o campeonato perde. Antes da temporada atual, na janela de transferências, os clubes espanhóis venderam mais do que compraram. O grande comprador foi o futebol inglês, onde, com mais dinheiro da televisão, até os times menores foram capazes de adicionar qualidade aos seus elencos.
Claro, o Brasil não é a Espanha. Vender os direitos individualmente aqui não representa exatamente o mesmo perigo, por causa do tamanho do país e da quantidade de clubes grandes. Mas há um assunto mais importante do que a venda dos direitos, mais fundamental para o futuro do futebol brasileiro, onde a união dos clubes é essencial – e, neste caso, o exemplo que vem da Inglaterra é perfeito.
Um voto por cada clube, 92 clubes profissionais, e o peso de um Workington Town é igual àquele do Manchester United. Aí, o futebol inglês vivia uma ditadura dos pequenos, com uma divisão de renda entre os 92. Tratava-se de uma estrutura inadequada para os interesses dos clubes que investiam mais e atraíram mais interesse do público. Resultado: em 1992 veio o ponto de partida do sucesso atual. A Primeira Divisão caiu fora para criar a sua própria estrutura – exatamente o desenvolvimento que o futebol brasileiro está precisando agora.
No Brasil, a ditadura dos pequenos é mais nociva ainda. Quem controla os pequenos controla as federações, e quem controla as federações controla a CBF e o calendário. Consequência: os grandes clubes passam meses no início do ano desperdiçando seu tempo e seus recursos jogando contra times sem torcida em campeonatos estaduais que já foram necessários, mas que deixaram de ser há um tempão.
O pior é que os Estaduais matam o início da atração principal, o Brasileirão. Um campeonato de pontos corridos tem que ter uma pausa antes – aí que cresce a magia do torcedor (“este vai ser nosso ano!”). É desta forma que o jogo ganha o poder de um grande evento. A primeira rodada deve ser a maior festa do futebol. Mas o futebol brasileiro adotou os pontos corridos em uma maneira que joga fora a grande vantagem do formato. A bola começa a rolar sem magia nem mistério. O Estadual acabou de terminar. O torcedor já está bem ciente dos defeitos do seu time – que, além do mais, pode ser cheio de reservas na primeira rodada, os jogadores-chave guardados para a fase decisiva da Libertadores ou da Copa do Brasil.
Fazer pontos corridos assim é uma piada de mau gosto, uma aula de incompetência organizacional – causada pela existência dos Estaduais. A estrutura do poder do futebol brasileiro não vai acabar com os Estaduais – seria que nem um peru votando a favor do Natal. Portanto, como aconteceu na Inglaterra, os grandes clubes têm que ter a união para criar uma nova estrutura.

Brigar sobre quem foi o campeão de 1987 é o de menos. O futuro está em jogo.